segunda-feira, 15 de novembro de 2010

LIÇÃO 8 - A ORAÇÃO SACERDOTAL DE JESUS CRISTO

Texto Áureo: Lc. 6.12 – Jo. 17.1-4; 15.17; 20-22
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Meditar na oração sacerdotal de Jesus, a fim de que, como Ele, possamos nos relacionar com o Pai e agrada-lo em todas as circunstâncias da vida.

INTRODUÇÃO
Após cear com seus discípulos, Jesus profere uma oração intercessória ao Pai. Ela é conhecida como sacerdotal porque através dela o Senhor pede em prol daqueles que já o seguiam e que viriam a segui-lo ao longo dos tempos. Nesta aula, dividiremos essa oração em três partes: a primeira, Jesus ora por Si mesmo; a segunda, pelos seus discípulos; e por fim, ora pela Sua igreja. Devemos ter em mente, ao longo da exposição, o interesse de Jesus: pela Sua glorificação (Jo. 17.1-5); seu grupo apostólico imediato (Jo. 17.6-19) e 3) o grande número de crentes que ainda haveria de aceitar a fé (Jo. 17.20-26).

1. JESUS ORA POR SI MESMO
Para descer a terra, Jesus esvaziou-se, assumindo a forma de homem (Fp. 2.5-11). Por isso, diante da crucificação iminente, pede ao pai que o glorifique, tal como antes que o mundo existisse. Ele desejava retornar ao trono do Pai, não somente para seu bem-estar, mas para atuar em prol da Sua igreja (Jo. 7.39). Jesus existia desde a eternidade, mesmo antes que o mundo fosse criado, e antes de se tornar carne e nascer de Maria, Ele já desfrutava da glória do Pai. Essa verdade deva servir de fundamento para fé do cristão, pois temos a certeza de que Ele possui todo o poder e é capaz de salvar os pecadores, pois sua eternidade comprova Sua divindade (Jo. 1.14). Jesus não deixou de ser Deus ao tornar-se carne, pois nEle habitava corporalmente toda a divindade (Cl. 2.9). Ainda assim, Ele não deixou de se compadecer da condição humana. Mesmo reconhecendo os defeitos dos seus discípulos, Jesus não deixou de interceder por eles perante o Pai, mas não apenas por aqueles, mas por todos os que viriam a crer por intermédio do testemunho daqueles primeiros discípulos. A compaixão de Jesus, sua disposição para perdoar, deva servir de lição para todo cristão, Ele não se esqueceu nem mesmo de Pedro, após este O ter negado (Mc. 16.7). Muito antes lhe havia dito “eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc. 22.32).

2. JESUS ORA PELOS SEUS DISCÍPULOS
Jesus ora especificamente pelos seus discípulos: “é por eles que eu rogo”, “por aqueles que deste”, e não pelos ímpios “não rogo pelo mundo”. A razão dessa singularidade é que eles “guardaram a tua palavra” (v. 6), “porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam” e “creram que me enviaste” (v. 8). O discipulado é conseqüência de uma experiência íntima com Cristo, e principalmente, da aceitação da Sua Palavra. Mas Jesus não quer que seus discípulos sejam retirados do mundo, pelo menos por enquanto. Diante das perseguições, é bem provável que esses quisessem retornar ao lar, à casa do Pai (Jo. 14.1). Seus discípulos precisariam permanecer no mundo, para que, nele, dEle dessem testemunho (At. 1.8). Ademais, para que pudessem amadurecer na fé, fazia-se necessário que enfrentassem aflições, ainda que tivessem, do Senhor, a promessa de que sairiam vencedores (Jo 16.33) e de que seriam livres do mal (Jo. 17.15; I Co. 5.9-11). O interesse primordial de Jesus não é pela prosperidade material dos seus discípulos, mas para que vivessem em santificação, que fossem santificados pela Palavra, que é a Verdade (Jo. 17.17). Mas Ele não queria que seus discípulos se encontrassem em divisão, antes que fossem um, como Ele e o Pai eram um. Os partidarismos eclesiásticos prejudicam a unidade da igreja (I Co. 3). Desde o princípio, a motivação central da igreja deveria ser a manutenção da unidade pelo vínculo da paz (Ef. 4.3), a fim de que essa possa chegar à unidade da fé (Ef. 4.13).

3. JESUS ORA PELA SUA IGREJA
Por fim, Jesus ora não apenas por aqueles discípulos, mas por todos os que viriam a crer por intermédio da mensagem deles (Jo. 17.20). Esse é o fundamento da fé da igreja cristã, a Palavra de Jesus, pregada pelos apóstolos, registrada na Escritura. Ainda que Jesus não tivesse orado pelo mundo, mas orou por aqueles que estavam no mundo, alvo do amor de Deus (Jo. 3.16). A vontade de Jesus é que onde ele se encontra, também estejam com Ele aqueles que O receberam, para que vejam a Sua glória. Essa parte da oração aponta para um futuro glorioso, esperança da igreja de Cristo. Não podemos ver ao Senhor agora, mas chegará o dia no qual O veremos como Ele é (I Jo. 3.2). Quando a trombeta soar, estaremos para sempre com o Senhor, os mortos ressuscitarão, os vivos serão transformados, essa é uma mensagem de conforto para a igreja (I Ts. 4.13-17). E, como disse o Salmista, “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl. 16.11). Pois a Igreja, aqueles que foram chamados para fora, a assembléia de Cristo, conheceu, não pela carne e pelo sangue, mas pela Palavra de Deus, que Ele fora enviado do Pai (Jo. 17.25). E essa é a justamente a vida eterna que “que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo. 17.3).

CONCLUSÃO
A oração sacerdotal de Jesus é categorizada, pelos teólogos, como “o santo dos santos das Escrituras”. Nessas palavras o Senhor revela sua íntima comunhão com o Pai, a quem nos ensinou a chamar de Aba (Papai). Através dessa oração podemos conferir o amoroso interesse de Jesus por aqueles que O seguem. Diante dessa intercessão graciosa, devemos não apenas ter confiança nas palavras de Cristo, que são fiéis e verdadeiras, mas também adorá-LO, tributando, a Ele, a glória que LHE é devida.

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L; BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
PEARLMAN, M. João: o evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

domingo, 7 de novembro de 2010

LIÇÃO 7 - A ORAÇÃO DA IGREJA E O TRABALHO DO ESPIRITO SANTO

Texto Áureo: At. 2.42 – At. 1.12,14; 2.4,38,40,41; 4.32.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Motivar os alunos a fim de que esses percebam que a expansão contínua do evangelho de Cristo é um distintivo da igreja que não se descuida da oração.

INTRODUÇÃO
A Igreja, desde os seus primórdios, dependeu da direção do Espírito Santo. O Senhor Jesus orientou-a para que ficassem em Jerusalém, até que do alto fosse revestida do poder (Lc. 24.49 At. 1.5-8). Na aula de hoje, destacaremos a atuação do Espírito Santo em resposta às orações da igreja. Veremos, ao final da lição, que o crescimento sadio da igreja depende da palavra e do poder do Espírito Santo.

1. A ORAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA
Não podemos esquecer que a Igreja Primitiva foi estabelecida em uma reunião de oração, com duração de sete a dez dias (At. 1.13,14) e que essa sempre permaneceu em oração (At. 2.42), sendo esta, além da Palavra, o seu fundamento. Lucas registra, em At. 1.14, que “todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas”. Quando o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja, “e todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At. 2.4), ela se encontrava em oração. Naquela ocasião, “veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados” (At. 2.2). Em resposta às orações da Igreja, muitos milagres aconteceram (At. 3.1-8; At. 28.8,9), revelando o poder do Espírito para intervir na história mediante a oração dos crentes. Essas manifestações consolidam o ensinamento de Jesus, de que “se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt. 18.19). Diante das perseguições, a igreja não dependia do poder terreno, antes se voltava ao Senhor em oração, recebendo o poder do Espírito para testemunhar do evangelho de Cristo com ousadia (At. 4.24-31).

2. A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA
A missão fundamental da Igreja é o testemunho da morte e ressurreição de Cristo, para tanto, ela precisa do poder do Espírito Santo (At. 1.8). Após a perseguição em Jerusalém, o Espírito Santo conduziu Filipe à Samaria, onde pregou (At. 8.4). Na medida em que Filipe pregava o evangelho, a igreja orava pelo crescimento da igreja entre os samaritanos (At. 14-16). A atuação direta do Espírito Santo favoreceu a expansão do cristianismo. Saulo de Tarso perseguiu a Igreja Primitiva, mas esse teve uma visão, na estrada de Damasco (At. 9.1-10). Enquanto Ananias orava, o Senhor o enviou para interceder por Saulo (Paulo), e este, no mesmo momento, também estava orando (At. 9.11). O Espírito Santo guiava a igreja do primeiro século a fim de que o evangelho se expandisse. Cornélio, um homem de “bom testemunho de toda a nação dos judeus” (At. 10.22), recebeu a visita de Pedro (At. 10.5), o qual lhe ministrou a Palavra e recebeu o batismo no espírito Santo (At. 10.36-38). O Espírito Santo, em resposta à oração da igreja, guiava na separação e no envio de obreiros para a obra missionária (At. 13.2,3). A igreja não pode esquecer de orar ao Senhor e pedir que mande ceifeiros para a sua seara (Mt. 9.38) e esses devam ser enviados debaixo da oração e do jejum da igreja, com imposição de mãos (At. 13.3).

3. O ESPÍRITO E O CRESCIMENTO DA IGREJA
O crescimento da igreja depende da atuação do Espírito Santo e da ministração da Palavra de Deus. Muitas igrejas que atualmente são consideradas em crescimento, na verdade estão apenas “inchando”. Há templos superlotados, nos quais a Palavra de Deus não é pregada. O Espírito Santo não tem parte em tais ministérios, pois o Espírito e a Palavra trabalham conjuntamente. Na busca por aumentar sua audiência, alguns pregadores estão fazendo concessões em relação ao evangelho de Cristo. As mensagens que estão sendo pregadas em alguns púlpitos assemelham-se aos livros de auto-ajuda que são vendidos nas livrarias. Os obreiros dessas igrejas não são separados pela preparo na palavra, muito menos pela orientação do Espírito santo, mas pela capacidade de arrecadar recursos, pelo carisma perante os ouvintes, e, em alguns casos, pela aparência física. Essas igrejas dependem da propaganda comercial, dos horários pagos na televisão, o crescimento é apenas aparente. Os pastores, se assim podem ser chamados, investem maciçamente no marketing pessoal, tentam fazer conchavos eclasiásticos para se manterem no poder, apontam auxiliares despreparados, utilizam critérios interesseiros. Os crentes, por sua vez, não se dedicam à oração, vão para a igreja tão somente para massagearem o ego. As cantarolas - e shows - imperam de tal modo que não há espaço para a exposição da mensagem bíblica e muitos menos para a atuação do Espírito, são igrejas, como diria Emílio Conde, “sem brilho”.

CONCLUSÃO
A igreja do Senhor precisa retornar aos princípios e voltar à prática contínua da oração. Se quisermos ver a manifestação do Espírito Santo dantes, tanto na ministração da Palavra quanto na manifestação de milagres, precisamos deixar de confiar nos dotes meramente pessoais. Conta-se que Agostinho de Hipona, quando visitou a Igreja Romana, ouviu o seguinte comentário: “veja Agostinho, já não podemos dizer que não temos prata nem ouro”. O sábio pai da igreja retrucou: “também não podemos dizer ao coxo ‘levante e ande’”. Que o Senhor nos desperte para a oração e para dependemos mais do poder do Espírito Santo.

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L; BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
PEARLMAN, M. Atos: e a igreja se fez missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2006

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Lição 5 - Orando como Jesus Ensinou

Texto Áureo: Mt. 26.41 – Mt. 6.5-13.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Aprender a orar a partir do modelo do Senhor, atentando para seus ensinamentos, que fundamentam a oração cristã.

INTRODUÇÃO
Existem muitos modelos de oração, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. As publicações editoriais também investem em vários padrões de oração. Entre elas destacamos a Oração de Jabez, que resultou na publicação de um best seller. Mas nenhuma oração pode ser comparada àquela que Jesus ensinou. Ela deva ser orada e vivida por todo cristão. Por isso, na aula de hoje, meditaremos a respeito da oração do Senhor. Esse modelo é uma resposta de Jesus ao pedido dos discípulos: “ensina-nos a orar” (Lc. 11.1), pois eles não sabiam, assim como nós hoje, a orar como convém (Rm. 8.26).

1. ATITUDES NA ORAÇÃO
Em resposta ao pedido dos discípulos, Jesus passa, então, a ensinar-lhes a orar (Mt. 6.9; Lc. 11.2). As instruções do Senhor dizem respeito às atitudes: 1) com sinceridade (Mt. 6.1,5,6), não como os fariseus (Mt. 23.14; Lc. 18.10-14); 2) com confiança (Mt. Lc. 11.9-13; Mt. 21.22); 3) com persistência (Lc. 11.5-8), mas 4) com brevidade, sem apelar para vãs repetições (Mt. 6.7). Ainda que possamos orar no templo, enquanto casa de oração (Mt. 21.13; Mc. 11.17; Lc. 19.46; At. 3.1), não estamos restritos a um lugar específico, pois Deus é Espírito e importa que os adoradores que Ele mesmo busca façam-no em espírito e em verdade (Jo. 4.19-24). Um dos elementos fundamentais à oração é que essa seja feita com fé, pois aqueles que se achegam a Deus precisam acreditar que Ele é galardoador dos que O buscam (Hb. 11.6). As palavras de Jesus também devam permanecer em nós, pois, diz Ele em Jo. 15.7, “se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. É preciso fazer uma ressalva, que esse “tudo” é relativo, isto é, não podemos pedir mal, para esbanjar em deleites carnais (Tg. 4.2,3). E assim, quando as palavras de Jesus, verdadeiramente, estiverem em nós, oraremos segundo a Sua vontade, e Ele nos ouvirá (I Jo. 5.14; Jo. 15.7).

2. AO PAI QUE ESTÁ NO CÉU
A oração instrutiva de Jesus quebra um paradigma em relação à fé judaica porque chama Deus de “Paizinho” (Aba), ressaltando o relacionamento íntimo que podemos ter com Ele. Mas Deus não é apenas meu Pai, Ele é “nosso” Pai. Em Cristo fomos feitos filhos de Deus, de modo que hoje podemos, todos aqueles que crêem, se direcionar a Ele como Pai (Jo. 1.12). Esse Pai amoroso, revelado na Parábola do Filho Pródigo (Lc. 16), está acima dos homens, Ele é Deus acima de todos, por isso, está “nos céus” (Is. 66.1), é o Criador, não pode ser confundido com a criatura. Todos devem reconhecer que Ele é Santo, o nome dEle, na verdade, é Santo, e digno de louvor e adoração (II Sm. 22.5; Ez. 36.20). Ele é soberano, por isso, oramos para que venha o reino dEle, que Sua “vontade seja feita na terra como no céu”. Jesus veio para anunciar o Reino de Deus (ou dos céus) (Lc. 4.43), e esse já está no meio de nós (Mt. 22.1; Lc. 14.16), pois Cristo já reina entre os seus súditos (Mt. 13.44, 45, 46), mas ainda virá o dia no qual esse reino será pleno (Ap. 21.2-4), naquele dia, a vontade de Deus prevalecerá, na terra como já acontece no céu. Essa é a bendita esperança da igreja, e principalmente, de Israel, quando o trono de Deus será estabelecido na terra e Jesus será reconhecido como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

3. PARA QUE SUPRA AS NECESSIDADES
Enquanto vivemos debaixo dessa esperança, dependemos de Deus e rogamos que Ele nos dê o alimento diário, ainda que saibamos que o Pai sabe o que temos necessidade, antes mesmo que peçamos (Mt. 6.8), oramos, pois Ele se compraz em responder as orações. O cristão não deve pedir riqueza, muito menos pobreza (Pv. 30.8,9), mas tão somente o necessário, não para entesourar, ou para viver ansiosamente (Mt. 6.19-31), antes dependendo do Senhor, que nos dá o que precisamos (Mt. 6.32-34). Devemos lembrar do material, mas também do espiritual, pois somos pecadores. Durante a oração precisamos reconhecer diante de Deus os nossos pecados, e pedir que Ele nos perdoe, mas precisamos perdoar aqueles que nos ofenderam (Mt. 6.14,15; 11.25; 18.21,22, 35), muito mais do que sete vezes (Mt. 18.21,22). O pecado não deva ser uma prática comum na vida cristã, por isso, é preciso orar para que não caiamos em tentação, cientes que não somos tentados por Deus, e sim pela nossa concupiscência (Tg. 1.13-14) e que nenhuma tentação nos sobrevém de sorte que não a possamos suportar (I Co. 10.13; II Pe. 2.9). Além de orar para que não cedamos à tentação, devemos pedir também que o Senhor nos livre do mal, isto é, do Maligno (Jo. 17.15). Orar somente não é suficiente, faz-se necessário resisti-lo (Tg. 4.7), pois Satanás “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (I Pe. 5.8). Estejamos, pois, firmes, fortalecidos com toda armadura de Deus (Ef. 6.14-18) para que não sejamos vencidos pelo príncipe das trevas (Ef. 6.10-12), nem por homens perversos e maus (II Ts. 3.1-2), e muito menos pelos cuidados deste mundo e pela sedução das riquezas (Mt. 13.22).

CONCLUSÃO
A oração que Jesus ensinou inicia e termina em adoração ao Pai, reconhecendo, ao final, que dEle é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre (Mt. 6.13). Que essa revelação seja observada nas orações dos cristãos, que nossas orações sejam menos centradas no homem, e mais em Deus. Ao invés de determinar que Deus faça o que queremos, devemos estar abertos a Sua soberana vontade, pois Ele, somente Ele, sabe o que realmente precisamos. A Ele seja a honra e a glória, pelos séculos dos séculos, amém.

BIBLIOGRAFIA
HANEGRAAFF, H. A oração de Jesus. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
KELLER, W. P. Orando diariamente o Pai Nosso. São Paulo: Vida, 2008.

sábado, 23 de outubro de 2010

LIÇÃO 4 - A ORAÇÃO EM O NOVO TESTAMENTO

Texto Áureo: I Ts. 5.16,17 – Lc. 24.46,49,52,53; At. 1.4,5,12,14.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Destacar as características das orações no Novo Testamento, em especial nos Evangelhos, em Atos e nas Epístolas de Paulo.

INTRODUÇÃO
Anteriormente tivermos uma lição sobre a oração no Antigo Testamento. Na aula de hoje, abordaremos a oração no Novo Testamento. Destacaremos o papel da oração nos Evangelhos, conforme apresentado por Jesus; em Atos, nos primórdios da igreja; e nas Epístolas, com enfoque nas escritas por Paulo.

1. A ORAÇÃO NOS EVANGELHOS
Os evangelhos descrevem a vida e os ensinamentos de Jesus. O fato de Ele ter orado é uma premissa fundamental para que também oremos. Encontramos, nos relatos evangélicos: Mateus, Marcos, Lucas e João, vários episódios nos quais Jesus se encontrava em oração. Ele orou por ocasião do batismo nas águas (Lc. 3.21,22), antes de escolher seus discípulos (Lc. 6.12,13), pelas criancinhas que lhe cercavam (Mt. 19.13-15), em favor de Pedro (Lc. 22.32), diante do túmulo de Lázaro (Jo. 11.41,42), pelos cristãos de todos os tempos (Jo. 17), antes de ser crucificado, no Getsêmane (Mt. 26.39-44) e na cruz (Mc. 15.34; Mt. 27.46). Jesus deu várias instruções sobre a oração nos evangelhos: 1) que podíamos receber se pedíssemos (Jo. 15.7); 2) que deveríamos ter fé na oração (Mc. 11.22-24); 3) que deveríamos seguir seu modelo de oração (Lc. 11.1); 4) ter motivos apropriados (Mt. 6.5-8); 5) a pedir ao Senhor da seara que envie obreiros (Mt. 9.36-38); 6) a ser persistente na oração (Mt. 7.7,8); e 7) a orar e jejuar (Mt. 6.16-18).

2. A ORAÇÃO EM ATOS
Seguindo o exemplo do Mestre Jesus, a igreja primitiva aprendeu a depender de Deus através da oração (At. 1.13,14; 2.42). O derramamento do Espírito veio sobre a igreja justamente em um momento de oração (At. 2). Os primeiros irmãos mantinham a prática judaica rotineira da oração a Deus (At. 3.1). Quando a perseguição chegou, a igreja refugiou-se na oração (At. 4.24-31). A oração era uma prioridade para a igreja primitiva (At. 6.4). Diante das adversidades, e mesmo na hora da morte, os primeiros cristãos buscavam ao Senhor em oração (At. 7.54-60). Enquanto orava, Ananias recebeu a orientação de Deus para que procurasse Saulo, o perseguidor da igreja (At. 9.11). Cornélio, o homem piedoso, orava e suas orações foram ouvidas pelo Senhor, que enviou Pedro para que o conduzisse ao evangelho (At. 10.1-6). Pedro fora libertado da prisão porque a igreja orou por ele (At. 12.5). Os primeiros obreiros eram enviados por direção do Espírito, após a igreja jejuar e orar (At. 13.2,3). Os poderes satânicos eram enfrentados através da oração (At. 16.13-18). Em resposta à oração de Paulo e Silas, os alicerces do cárcere se moveram (At. 16.25-30). Muitas revelações foram dadas a Paulo em momentos de oração (At. 27.21-26), bem como curas de enfermidades (At. 28.8,9).

3. A ORAÇÃO NAS EPÍSTOLAS DE PAULO
As epístolas foram escritas no desenvolvimento histórico da igreja primitiva. Paulo, o missionário devotado à obra de Deus, trabalha e orava incansavelmente pela igreja. Ele intercedia por aqueles que abraçavam o evangelho de Cristo (Rm. 8.26,27), e instruía os irmãos à busca dos dons espirituais através da oração, com vistas à edificação da igreja (I Co. 14.13-17). O apóstolo dos gentios tinha consciência de uma batalha espiritual que estava se passando contra o reino das trevas, por isso ensinava a igreja a permanecer constantemente em oração (II Co. 10.3-5; Ef. 6.14-17). Ele também tinha consciência que nem sempre as orações dos cristãos são respondidas da maneira que desejam, há momentos em que Deus diz “não, a minha graça de ti basta” (II Co. 12.7-10). Mesmo assim, o cristão deva dar graças a Deus, no temor de Cristo (Ef. 5.18-21). Como cristãos, devemos orar em todo tempo, em qualquer circunstância (Ef. 6.18-19). Ao invés de se preocupar com os problemas, devemos entregá-los ao Senhor (Fp. 4.6). Os líderes eclesiásticos também devam ser alvos da nossa oração (Cl. 4.2-4). A oração deva ser incessante (I Ts. 5.16-21), com vistas à propagação do evangelho (II Ts. 3.1,2), e em favor de todos (I Tm. 2.1-8).

CONCLUSÃO
Há muito a ser estudado sobre a oração no Novo Testamento. Mas no espaço e tempo disponíveis para esta lição, o exposto é suficiente a fim de sabermos que podemos nos achegar a Deus com fé (Hb. 4.16; 11.1,6) com poder e eficácia (Tg. 5.13-18), em santidade no casamento (I Pe. 3.7), e sobretudo, segundo a vontade do Senhor (I Jo. 5.14).

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L., BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
GARLOW, J. L. Deus e seu povo. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lição 3 - A Oração Sábia

A ORAÇÃO SÁBIA
Texto Áureo: II Cr. 7.1 – II Cr. 6.12,21,36,38,39.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Mostrar que a fidelidade do Senhor e adorá-lo com humildade leva-nos ao reconhecimento da Sua soberania.

INTRODUÇÃONa aula de hoje estudaremos a respeito de Salomão, o edificador do templo, suas orações, e, em especial, a sábia oração de dedicação do templo ao Senhor. Esperamos que nessa aula possamos extrair lições para aplicação dessa oração em nossas vidas, a fim de vivermos sabiamente na presença de Deus.

1. SALOMÃO, O EDIFICADOR DO TEMPLO
Salomão, cujo nome em hebraico é Lugar do Senhor, foi o terceiro rei de Israel; décimo filho de Davi o segundo que este teve com Bate-Seba. O nascimento de Salomão havia sido profetizado por Natã (II Sm. 7.12,13; I Cr. 22.8-10). Ele nasceu em Jerusalém, e denominado, pelo profeta Jedidias, de “amado do Senhor” (II Sm. 5.14; 12.24,25). Quando Davi se encontrava adiantando em anos, Adonias, o filho do rei, quis reinar em seu lugar (I Rs. 1.5). Natã, porém, procurou Bate-Seba, a rainha, a fim de que essa fizesse lembrar ao rei da sua promessa em relação a Salomão, enquanto futuro sucessor do trono. Através da intercessão de Bate-Sabe, Davi apressou-se em ungir Salomão, seu filho, como sucessor imediato do reino. Um dos destaques do reinado de Salomão foi a edificação do templo, desejo antigo do seu pai Davi (I Rs. 5.6; II Cr. 2-4). Essa tarefa foi empreendida através de um grande número de operário, o madeiramento foi preparado antes de ser levado até ao mar, sendo posteriormente conduzido em navios até Jope, e deste porto até Jerusalém, num percurso de aproximadamente 64 km (I Rs. 5.9). Para a construção desse templo foram nomeados vários oficiais, 3.300 (I Rs. 5.16), com 550 chefes (I Rs. 9.23), entre os quais, 250, eram nativos israelitas (II Cr. 8.10). Os fenícios atuaram intensamente na construção do templo dos tempos de Salomão, através do rei Hirão, que recebia, de Israel, trigo, cevada, vinho e azeite (I Cr. 2.10; Ez.. 27.17; At. 12.20). Esse templo estava direcionado para o Oriente e tinha aproximadamente 27 metros de comprimento, 9 de largura, 13,5 de altura.

2. SALOMÃO, UM HOMEM DE ORAÇÃO
Encontramos, no Antigo Testamente, várias orações de Salomão. O registro mais antigo das orações de Salomão se encontra em I Reis (ver II Cr. 1.7-13). Em I Rs. 3.5-9, o Senhor aparece a Salomão, de noite em sonhos e disse-lhe que pedisse o que quisesse. Salomão respondeu que “um coração entendido para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo?”. Do mesmo modo, o Senhor, nos dias de hoje, nos instrui a pedir (Mt. 7.7). E João diz que devemos confiar que se pedirmos alguma coisa segunda a Sua vontade Ele nos ouve (I Jo. 5.14). Mas nem todos sabem pedir sabiamente, conforme pediu Salomão, antes pedem mal, para gastarem em seus deleites (Tg. 4.3). A preocupação de Salomão não era com seus interesses pessoais, mas com o bem-estar do povo israelita, por isso essa oração pareceu bem aos olhos do Senhor (v. 10), que lhe deu não apenas entendimento, mas também riqueza (v. 11-14). Deus é cativado por uma petição destituída de egoísmo, voltada menos para si mesmo, e mais para Deus e o próximo. Salomão, diferentemente de muitos líderes dos dias de hoje, não considerou o povo como propriedade sua, mas de Deus, assumindo o lugar de um pastor subordinado, disposto a cumprir a vontade de Deus e trabalhar em favo daquele povo (v. 7,8). A oração é fundamental para quem exerce posição de liderança, tal como Samuel, o líder não pode pecar, deixando de interceder pelo povo diante do qual ministra (I Sm. 12.23).

3. A ORAÇÃO DE DEDICAÇÃO DO TEMPLO
Após a conclusão do templo, que durou sete anos, Salomão solicitou aos sacerdotes que colocassem a arca do Senhor no santuário que se chamava o Lugar Santíssimo (I Rs. 8.6). Quando os sacerdotes se afastaram do santuário, uma nuvem encheu o lugar, em seguida, Salomão fez uma oração de dedicação do Templo ao Senhor (I Rs. 8.22), sendo essa uma das mais longas registradas na Bíblia. Inicialmente, o rei pede ao Senhor que honre sua palavra que havia dado a Davi e que ouvisse sua oração (v.22-30). Em seguida faz sete pedidos: 1) quando um homem for obrigado a prestar algum juramento, então ouve do céu e age (v. 31,32); 2) quando o povo de Israel confessar o seu pecado, então ouve do céu e perdoe o seu pecado (v. 33,34); 3) quando se converterem do seu mau caminho, porque os afligiste, então ouça do céu e perdoa-lhes o pecado (v. 35,36); 4) quando o povo tiver fome, ou praga, e voltar-se para ti em oração, então retribui a cada um segundo o seu coração (v. 37-40); 5) quando um estrangeiro chegar e orar voltado para o templo, por causa do Teu grande nome; então faça tudo o que ele clamar a ti (v. 41-43); 6) quando enviares o Teu povo à guerra, e eles orarem, então ouve do céu e sustenta a causa deles (v. 44,45); e 7) quando forem levados ao cativeiro, se abandonarem o seu pecado, e orarem, então lhes perdoa o pecado (v. 46-51).

CONCLUSÃO 
A oração de Salomão, por ocasião da dedicação do Templo do Senhor, é sábia porque o patriarca israelita, ao invés de tributar glória e honra a si mesmo, adora a Deus, reconhecendo que somente o Senhor é Grande. Isso é evidenciado em sua posição na oração, de mãos estendidas para o céu (v. 22), de joelhos diante do altar (v. 54). Através dessa oração Salomão ressalta a soberania de Deus, e, ao mesmo tempo, sua incapacidade e total dependência de Deus (v. 27).

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L., BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
GEORGE, J. Orações notáveis da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

LIÇÃO 2 - A ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO

A ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO
Texto Áureo: II Cr. 30.27 – I Rs. 18.31-39
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Meditar sobre a oração no Antigo Testamento, ressaltando a intimidade dos patriarcas (Pentateuco), profetas (Maiores e Menores) e poetas (Salmos) com Deus, exemplo de fé para os cristãos.

INTRODUÇÃO
O Antigo Testamento está repleto de orações de pessoas que desfrutaram de um relacionamento íntimo com o Senhor. Na aula de hoje, enfocaremos a oração no Pentateuco (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), Proféticos (Isaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Joel, Amós, Jonas e Habacuque) e Poéticos (Jó e Salmos). A oração dos patriarcas, profetas e salmistas, à luz do evangelho, servem de instrução para a igreja cristã.

1. A ORAÇÃO NO PENTATEUCO
O ser humano foi criado para se relacionar com Deus. Em Gn. 3.8 está escrito que Deus andava com Adão e Eva e com eles passeava no jardim pela viração do dia. Esse relacionamento rompeu-se por causa do pecado (Gn. 3.10,21). Mesmo assim, outras pessoas andaram com Deus em oração, dentre elas destacamos: Sete que começou a invocar o nome do Senhor (Gn. 4.26). Enoque é um exemplo de homem que andou com Deus, por isso, o Senhor O tomou para si (Gn. 5.24), do mesmo modo Noé, que fez tudo que o Senhor O ordenara (Gn. 7.5). Entre os patriarcas, Abraão destaca-se em intimidade com Deus, sendo esse um amigo de Deus (Gn. 15.1-4; 17.1-4). Eliezer, o servo de Abraão, aprendeu com o seu senhor a confiar em Deus (Gn. 24.13,14). Do mesmo modo o filho de Abraão, Isaque, que costumava sair para orar ao Deus de seu pai (Gn. 24.63; 26.24,25). Jacó, após padecer com os seus erros, voltou-se para o Senhor, e aprendeu a depender dEle em oração (Gn. 28.20-22). Moisés também merece lugar de destaque entre aqueles que buscavam a Deus em oração no Antigo Testamento. Ele orou a Deus desde a sua chamada, na ocasião em que reconheceu o Senhor como o EU SOU (Ex. 3.1-4). Várias vezes Moisés orou a Deus pedindo Sua intervenção (Ex. 14.13-15; 33.15-17). Mas Moisés não queria apenas receber de Deus, ele queria mais de Deus, por isso, pediu ao Senhor que se revelasse perante ele. A resposta do Senhor, foi negativa, pois ninguém poderia ver a Deus continuar vivo, mesmo assim o Deus de Israel decidiu passar Sua bondade diante de Moisés (Ex. 33.18-23). A resposta do Senhor também foi negativa quando Moisés insistiu em entrar na terra prometida (Dt. 20.12; Dt. 3.26).

2. A ORAÇÃO NOS PROFETAS
Os profetas eram arautos de Deus, homens e mulheres que buscavam a Deus e recebiam seus oráculos. Por meio da oração os profetas de Deus foram chamados à proclamar a mensagem do Senhor, assim aconteceu com Isaias (Is. 6.1-4) e Jeremias (Jr. 1.18). Diante da grandeza de Deus, esses homens reconheceram sua pequenez e condição pecaminosa. Nas Lamentações de Jeremias percebemos a intimidade de um homem que se queixa da tragédia humana diante de Deus (Lm. 5.1-3,5-9,16,17,19-22). Ezequiel, o profeta exilado, também prateia e lamenta a condição do povo de Judá no cativeiro (Ez. 9.8; 11.13). Daniel é outro profeta que intercede pelo povo, sendo este preso e condenado por buscar ao Senhor em oração (Dn.9.3-10,13,16,18,19). Os profetas, em geral, sentem a dor do povo, eles são simpáticos com as agruras de Israel e Judá, em suas orações eles clamam a Deus por livramento (Jl. 1.19,20) e atentam para os pecados e suas conseqüências (Am. 7.2,5,14,15). O profeta Jonas é um caso singular entre os profetas, pois esse foi comissionado a pregar arrependimento a nação inimiga de Israel. Ele preferiu evadir-se da responsabilidade, fugindo, mas a providência de Deus O conduziu à obediência. Jonas, por fim, ora a Deus, pedindo que o livre do perigo (Jn. 2.5-9), ainda que ele não tenha se conformado com a Soberania divina, até que, finalmente, perceba a misericórdia e longanimidade do Senhor (Jn. 4.2,3). Habacuque nos deixa um exemplo sublime de oração em meio à adversidade (Hc. 1.2-4). Ele ora pedindo um avivamento e se propõe a confiar em Deus, mesmo diante das situações desfavoráveis (Hc. 3.2-19).

3. A ORAÇÃO NOS POÉTICOS
Os livros bíblicos de poesia estão repletos de orações. A história do patriarca Jó, narrada em poesia, revela um homem de oração, que intercedia pela sua família. As orações de Jó, bem como as dos salmistas, nos ensinam a como orar e como não orar. Em meio ao desespero, Jó deseja que o Senhor o mate (Jó. 6.8,9; 9.27-34). As orações de Jó, e a de alguns salmos, não podem ser assumidas pelos cristãos. Jô chega, em determinadas circunstâncias, a mostrar desequilíbrio mental e emocional (Jô. 10.1-21). A grande contribuição da narrativa de Jó está na percepção final de que Deus é soberano e que cevemos nos submeter à Sua vontade (Jó. 42.1-6). O livro de Salmos, lido à luz do evangelho de Cristo, é um compêndio instrutivo para as orações cristãs. Davi, o mavioso salmista, revela em suas orações-cânticos, intimidade profunda e adoração a Deus (Sl. 8.1; 9.1,2; 48.1; 93.1-2). Os salmitas, em geral, são pessoas dependentes do Senhor (Sl. 5.8; 6.2,3; 10.1; 13.1,2). Nos tempos de aflição eles se dirigem Àquele que pode livrar (Sl. 18.6). Diante dos seus pecados, pedem perdão a Deus (Sl. 25.18; 51.10). Por meio da oração eles confessam os seus pecados (Sl. 32.5; 51.1-8) e também agradecem a Deus pelos Seus cuidados (Sl. 30.12; 69.30; 116.17). Através dos Salmos podemos aprender a orar a Deus, a desfrutar de intimidade com Ele, a nos prostrar diante da Sua soberana vontade.

CONCLUSÃO
A oração cristã tem seu fundamento no Antigo Testamento. Os patriarcas, profetas e salmistas eram pessoas que buscavam a Deus em oração. Se quisermos aprender a orar, precisamos voltar a esses fundamentos. À luz do evangelho, podemos crescer espiritualmente atentando para as orações de homens e mulheres, tais como Davi e Ana, que desfrutaram de um relacionamento íntimo com o Senhor. E, como Elias, a orar, reconhecendo que somente o Senhor é Deus (I Rs. 18.38,39)

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L., BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
GEORGE, J. Orações notáveis da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lição 1 - O Que é Oração?


Texto Áureo: Ef. 6.18 - Leitura Bíblica em Classe: I Cr. 16.8,10-17; J.. 15.16
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Definir os sentidos bíblicos da oração enquanto meio de comunicação que Deus estabeleceu para cultivamos um relacionamento íntimo e contínuo com Ele.

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito da oração, um assunto extremamente importante e necessário para a igreja e a saúde espiritual de todo cristão. Há quem diga que a relevância que o oxigênio tem para o corpo é a mesma que a oração tem para a alma. As lições serão: 1) o que é oração; 2) a oração no Antigo Testamento; 3) a oração sábia; 4) a oração em o Novo Testamento; 5) orando como Jesus ensinou; 6) importância da oração na vida do crente; 7) oração da igreja e o trabalho do Espírito Santo; 8) a oração sacerdotal de Jesus Cristo; 9) a oração e a vontade de Deus; 10) o ministério da intercessão; 11) a oração que conduz ao perdão; 12) quando o crente não oração e 13) se o meu povo orar. Nesta primeira lição, abordaremos os sentidos bíblico-teológicos da oração.

1. SENTIDOS DA ORAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTOO termo “oração” tem diferentes palavras no Antigo Testamento. Palal é um verbo encontrado em oitenta contextos com o significador predominantes de “orar”. As ocorrências desse verbo dizem respeito às orações que são oferecidas a Deus (Gn. 20.17; Nm. 11.2; Dt. 9.26; I Sm. 1.10; I Rs. 8.28; II Rs. 6.17; II Cr. 6.19; Ne. 2.4; Sl. 5.2; Is. 37.15; Jr. 29.12; Jn. 2.1). Essa palavra também é usada para referir-se ao ato de interceder a Deus (Jr. 7.16; 11.14; 14.11) e como um ato de confissão (Ed. 10.1; Ne. 1.4; Dn. 9.4,20). Outra palavra em hebraico para oração é tephilah, um substantivo derivado de palal, que se encontra em II Sm. 7.27; I Rs. 8.28; Sl. 42.8; Jn. 2.7. Tephilal também ocorre no sentido da oração intercessória em Is. 37.4; Dn. 9.3 e também diz respeito ao templo, enquanto Casa de Oração, em Is. 56.7. O verbo selah, em aramaico, é encontrado em dois lugares: Ed. 6.10; Dn. 6.10, no sentido de oração. O verbo paga apresenta o sentido de “encontro”, ressaltando esse aspecto da oração em Jó. 21.15. Atar é um verbo encontrado em Gn. 25.21; Ex. 8.8 com o significado de “interceder”. Shaal, encontrado aproximadamente 170 vezes no Antigo Testamento, tem como significado primário o ato de “pedir” (Sl. 122.6). Halah é uma palavra com sentidos variados, dentre eles destacamos: a petição (Zc. 7.2; 8.21,22).

2. SENTIDOS DA ORAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento também existem palavras distintas para o sentido de oração. Proseuchomai é uma das mais comuns para explicitar o ato de orar ou de oferecer oração. Algumas referências gerais à oração com esse termo se encontram em Mt. 24.20; Mc. 11.24; Lc. 1.10; At. 9.11; 22.17; I Co. 11.4; 14.13. Há passagens em que esse termo é usado em relação à postura da oração (Mt. 6.5; I Tm. 2.8) e para exortar à oração (Mc. 13.18; Ef. 6.18; I Ts. 5.17; Jd. 20), inclusive por aqueles que perseguem os seguidores de Jesus (Mt. 5.44; Lc. 6.28). As ocorrências de proseuchomai aludem à oração por direcionamento (At. 1.24), cura de enfermidade (Tg. 5.13), intercessória (Rm. 8.26; Fp. 1.9; Cl. 1.3,9; 4.3; II Ts. 1.11; 3.1; Hb. 13.8). A oração também deva ser ato de comissão para o ministério, incluindo a imposição de mãos (At. 6.6; 8.15; 15.3; 14.23). Esse termo também é usado por Jesus para reprovar a oração hipócrita em Mt. 23.24; Mc. 12.40; Lc. 20.47. O verbo euchomai ocorre no grego do Novo Testamento com o sentido de orar, desejar, interceder (At. 27.29; II Co. 13.7,9; Tg. 5.16; III Jô. 2). Os termos para suplicar é deomai, geralmente relacionado ao ato intercessório (Mt. 9.38; Lc. 10.2; 21.36; 22.32; At. 4.31; 8.22,24; 10,2; I Ts. 3.10) e deesis, especificamente ao ato da súplica em Ef. 6.18; Fp. 4.6; I Tm. 2.1; 5.5; Tg. 5.6; Hb. 5.7. A relação entre oração e adoração também é explicitada através do substantivo deesis em Lc. 2.37 e à oração ouvida e recebida por Deus em Lc. 1.13; I Pe. 3.12.

3. SENTIDOS DA ORAÇÃO NA TEOLOGIA BÍBLICA
A oração baseia-se na convicção de que o Pai Celeste, que tem providencial cuidados sobre nós (Mt. 6.26,30; 10.29,30), que é cheio de misericórdia (Tg. 5.11), ouvirá e responderá às petições dos seus filhos da maneira e no tempo que Ele julgue melhor. A oração deve, então, ser feita com toda a confiança (Fp. 4.6), embora Deus saiba de tudo aquilo que necessitamos, antes de lhe pedirmos (Mt. 6.8,32). A resposta do Senhor pode ser demorada (Lc. 11.5-10), importuna (Lc. 18.1-8) e repetida (Mt. 26.44), e a resposta pode não ser o que pedimos (II Co. 12.7-9), mas o cristão pode descarregar sua ansiedade em Deus, sabendo que nEle podemos descansar (Fp. 4.6,7). As posições na oração, de acordo com a Bíblia, são as mais diversas: em pé (I Sm. 1.20,26; Lc. 18.11), de joelhos (Dn. 6.10; Lc. 22.41), curvando a cabeça e inclinando-a à terra (Ex. 12.27; 34.8), prostrado (Nm. 16.22; Mt. 26.39), com as mãos estendidas (Ed. 9.5) ou erguidas (Sl. 28.2; I Tm. 2.8). Sobre o lugar, o templo é reconhecido, prioritariamente, como “Casa de Oração” (Lc. 18.10), mas os fieis sempre oraram em lugares diversos, de acordo com a necessidade: dentro de um grande peixe (Jn. 2.1), sobre os montes (I Rs. 18.42; Mt. 14.23), no terraço da casa (At. 10.9), em um quarto interior (Mt. 6.6), na prisão (At. 16.25), na praia (At. 21.5). O lugar e a posição corporal não são dogmáticos em relação à oração, o mais importante, conforme ressaltou o Senhor, em Jo. 4.24, é a disposição espiritual, a fim de não incorrer na hipocrisia dos fariseus (Mt. 6.5).

CONCLUSÃOEsperamos que o Senhor nos guie ao longo dos estudos sobre a oração neste trimestre. Dispomos de muitos recursos bíblico-teológicos sobre esse assunto que serão úteis à igreja do Senhor. O desafio, porém, é não apenas aprofundar o tema da oração, conhecer exaustivamente sobre o assunto (que tem sua devida importância), mas que sejamos cada vez mais despertados a buscar o Senhor em oração. Que neste trimestre aprendamos bastante sobre a oração, mas, principalmente, que venhamos a orar mais. Assim, “quando a noite chegar, e o mal me cercar, quero estar em constante oração” (HC 296).

BIBLIOGRAFIA
BUCKLAND, A. R. Dicionário bíblico universal. São Paulo: Vida, 1999.
VINE, W. E, UNGER, M. F., WHITE JR, W. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2002