segunda-feira, 15 de novembro de 2010

LIÇÃO 8 - A ORAÇÃO SACERDOTAL DE JESUS CRISTO

Texto Áureo: Lc. 6.12 – Jo. 17.1-4; 15.17; 20-22
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Meditar na oração sacerdotal de Jesus, a fim de que, como Ele, possamos nos relacionar com o Pai e agrada-lo em todas as circunstâncias da vida.

INTRODUÇÃO
Após cear com seus discípulos, Jesus profere uma oração intercessória ao Pai. Ela é conhecida como sacerdotal porque através dela o Senhor pede em prol daqueles que já o seguiam e que viriam a segui-lo ao longo dos tempos. Nesta aula, dividiremos essa oração em três partes: a primeira, Jesus ora por Si mesmo; a segunda, pelos seus discípulos; e por fim, ora pela Sua igreja. Devemos ter em mente, ao longo da exposição, o interesse de Jesus: pela Sua glorificação (Jo. 17.1-5); seu grupo apostólico imediato (Jo. 17.6-19) e 3) o grande número de crentes que ainda haveria de aceitar a fé (Jo. 17.20-26).

1. JESUS ORA POR SI MESMO
Para descer a terra, Jesus esvaziou-se, assumindo a forma de homem (Fp. 2.5-11). Por isso, diante da crucificação iminente, pede ao pai que o glorifique, tal como antes que o mundo existisse. Ele desejava retornar ao trono do Pai, não somente para seu bem-estar, mas para atuar em prol da Sua igreja (Jo. 7.39). Jesus existia desde a eternidade, mesmo antes que o mundo fosse criado, e antes de se tornar carne e nascer de Maria, Ele já desfrutava da glória do Pai. Essa verdade deva servir de fundamento para fé do cristão, pois temos a certeza de que Ele possui todo o poder e é capaz de salvar os pecadores, pois sua eternidade comprova Sua divindade (Jo. 1.14). Jesus não deixou de ser Deus ao tornar-se carne, pois nEle habitava corporalmente toda a divindade (Cl. 2.9). Ainda assim, Ele não deixou de se compadecer da condição humana. Mesmo reconhecendo os defeitos dos seus discípulos, Jesus não deixou de interceder por eles perante o Pai, mas não apenas por aqueles, mas por todos os que viriam a crer por intermédio do testemunho daqueles primeiros discípulos. A compaixão de Jesus, sua disposição para perdoar, deva servir de lição para todo cristão, Ele não se esqueceu nem mesmo de Pedro, após este O ter negado (Mc. 16.7). Muito antes lhe havia dito “eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça” (Lc. 22.32).

2. JESUS ORA PELOS SEUS DISCÍPULOS
Jesus ora especificamente pelos seus discípulos: “é por eles que eu rogo”, “por aqueles que deste”, e não pelos ímpios “não rogo pelo mundo”. A razão dessa singularidade é que eles “guardaram a tua palavra” (v. 6), “porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam” e “creram que me enviaste” (v. 8). O discipulado é conseqüência de uma experiência íntima com Cristo, e principalmente, da aceitação da Sua Palavra. Mas Jesus não quer que seus discípulos sejam retirados do mundo, pelo menos por enquanto. Diante das perseguições, é bem provável que esses quisessem retornar ao lar, à casa do Pai (Jo. 14.1). Seus discípulos precisariam permanecer no mundo, para que, nele, dEle dessem testemunho (At. 1.8). Ademais, para que pudessem amadurecer na fé, fazia-se necessário que enfrentassem aflições, ainda que tivessem, do Senhor, a promessa de que sairiam vencedores (Jo 16.33) e de que seriam livres do mal (Jo. 17.15; I Co. 5.9-11). O interesse primordial de Jesus não é pela prosperidade material dos seus discípulos, mas para que vivessem em santificação, que fossem santificados pela Palavra, que é a Verdade (Jo. 17.17). Mas Ele não queria que seus discípulos se encontrassem em divisão, antes que fossem um, como Ele e o Pai eram um. Os partidarismos eclesiásticos prejudicam a unidade da igreja (I Co. 3). Desde o princípio, a motivação central da igreja deveria ser a manutenção da unidade pelo vínculo da paz (Ef. 4.3), a fim de que essa possa chegar à unidade da fé (Ef. 4.13).

3. JESUS ORA PELA SUA IGREJA
Por fim, Jesus ora não apenas por aqueles discípulos, mas por todos os que viriam a crer por intermédio da mensagem deles (Jo. 17.20). Esse é o fundamento da fé da igreja cristã, a Palavra de Jesus, pregada pelos apóstolos, registrada na Escritura. Ainda que Jesus não tivesse orado pelo mundo, mas orou por aqueles que estavam no mundo, alvo do amor de Deus (Jo. 3.16). A vontade de Jesus é que onde ele se encontra, também estejam com Ele aqueles que O receberam, para que vejam a Sua glória. Essa parte da oração aponta para um futuro glorioso, esperança da igreja de Cristo. Não podemos ver ao Senhor agora, mas chegará o dia no qual O veremos como Ele é (I Jo. 3.2). Quando a trombeta soar, estaremos para sempre com o Senhor, os mortos ressuscitarão, os vivos serão transformados, essa é uma mensagem de conforto para a igreja (I Ts. 4.13-17). E, como disse o Salmista, “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl. 16.11). Pois a Igreja, aqueles que foram chamados para fora, a assembléia de Cristo, conheceu, não pela carne e pelo sangue, mas pela Palavra de Deus, que Ele fora enviado do Pai (Jo. 17.25). E essa é a justamente a vida eterna que “que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo. 17.3).

CONCLUSÃO
A oração sacerdotal de Jesus é categorizada, pelos teólogos, como “o santo dos santos das Escrituras”. Nessas palavras o Senhor revela sua íntima comunhão com o Pai, a quem nos ensinou a chamar de Aba (Papai). Através dessa oração podemos conferir o amoroso interesse de Jesus por aqueles que O seguem. Diante dessa intercessão graciosa, devemos não apenas ter confiança nas palavras de Cristo, que são fiéis e verdadeiras, mas também adorá-LO, tributando, a Ele, a glória que LHE é devida.

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L; BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
PEARLMAN, M. João: o evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

domingo, 7 de novembro de 2010

LIÇÃO 7 - A ORAÇÃO DA IGREJA E O TRABALHO DO ESPIRITO SANTO

Texto Áureo: At. 2.42 – At. 1.12,14; 2.4,38,40,41; 4.32.
Pb. José Roberto A. Barbosa

Objetivo: Motivar os alunos a fim de que esses percebam que a expansão contínua do evangelho de Cristo é um distintivo da igreja que não se descuida da oração.

INTRODUÇÃO
A Igreja, desde os seus primórdios, dependeu da direção do Espírito Santo. O Senhor Jesus orientou-a para que ficassem em Jerusalém, até que do alto fosse revestida do poder (Lc. 24.49 At. 1.5-8). Na aula de hoje, destacaremos a atuação do Espírito Santo em resposta às orações da igreja. Veremos, ao final da lição, que o crescimento sadio da igreja depende da palavra e do poder do Espírito Santo.

1. A ORAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA
Não podemos esquecer que a Igreja Primitiva foi estabelecida em uma reunião de oração, com duração de sete a dez dias (At. 1.13,14) e que essa sempre permaneceu em oração (At. 2.42), sendo esta, além da Palavra, o seu fundamento. Lucas registra, em At. 1.14, que “todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas”. Quando o Espírito Santo foi derramado sobre a igreja, “e todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At. 2.4), ela se encontrava em oração. Naquela ocasião, “veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados” (At. 2.2). Em resposta às orações da Igreja, muitos milagres aconteceram (At. 3.1-8; At. 28.8,9), revelando o poder do Espírito para intervir na história mediante a oração dos crentes. Essas manifestações consolidam o ensinamento de Jesus, de que “se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt. 18.19). Diante das perseguições, a igreja não dependia do poder terreno, antes se voltava ao Senhor em oração, recebendo o poder do Espírito para testemunhar do evangelho de Cristo com ousadia (At. 4.24-31).

2. A ATUAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA
A missão fundamental da Igreja é o testemunho da morte e ressurreição de Cristo, para tanto, ela precisa do poder do Espírito Santo (At. 1.8). Após a perseguição em Jerusalém, o Espírito Santo conduziu Filipe à Samaria, onde pregou (At. 8.4). Na medida em que Filipe pregava o evangelho, a igreja orava pelo crescimento da igreja entre os samaritanos (At. 14-16). A atuação direta do Espírito Santo favoreceu a expansão do cristianismo. Saulo de Tarso perseguiu a Igreja Primitiva, mas esse teve uma visão, na estrada de Damasco (At. 9.1-10). Enquanto Ananias orava, o Senhor o enviou para interceder por Saulo (Paulo), e este, no mesmo momento, também estava orando (At. 9.11). O Espírito Santo guiava a igreja do primeiro século a fim de que o evangelho se expandisse. Cornélio, um homem de “bom testemunho de toda a nação dos judeus” (At. 10.22), recebeu a visita de Pedro (At. 10.5), o qual lhe ministrou a Palavra e recebeu o batismo no espírito Santo (At. 10.36-38). O Espírito Santo, em resposta à oração da igreja, guiava na separação e no envio de obreiros para a obra missionária (At. 13.2,3). A igreja não pode esquecer de orar ao Senhor e pedir que mande ceifeiros para a sua seara (Mt. 9.38) e esses devam ser enviados debaixo da oração e do jejum da igreja, com imposição de mãos (At. 13.3).

3. O ESPÍRITO E O CRESCIMENTO DA IGREJA
O crescimento da igreja depende da atuação do Espírito Santo e da ministração da Palavra de Deus. Muitas igrejas que atualmente são consideradas em crescimento, na verdade estão apenas “inchando”. Há templos superlotados, nos quais a Palavra de Deus não é pregada. O Espírito Santo não tem parte em tais ministérios, pois o Espírito e a Palavra trabalham conjuntamente. Na busca por aumentar sua audiência, alguns pregadores estão fazendo concessões em relação ao evangelho de Cristo. As mensagens que estão sendo pregadas em alguns púlpitos assemelham-se aos livros de auto-ajuda que são vendidos nas livrarias. Os obreiros dessas igrejas não são separados pela preparo na palavra, muito menos pela orientação do Espírito santo, mas pela capacidade de arrecadar recursos, pelo carisma perante os ouvintes, e, em alguns casos, pela aparência física. Essas igrejas dependem da propaganda comercial, dos horários pagos na televisão, o crescimento é apenas aparente. Os pastores, se assim podem ser chamados, investem maciçamente no marketing pessoal, tentam fazer conchavos eclasiásticos para se manterem no poder, apontam auxiliares despreparados, utilizam critérios interesseiros. Os crentes, por sua vez, não se dedicam à oração, vão para a igreja tão somente para massagearem o ego. As cantarolas - e shows - imperam de tal modo que não há espaço para a exposição da mensagem bíblica e muitos menos para a atuação do Espírito, são igrejas, como diria Emílio Conde, “sem brilho”.

CONCLUSÃO
A igreja do Senhor precisa retornar aos princípios e voltar à prática contínua da oração. Se quisermos ver a manifestação do Espírito Santo dantes, tanto na ministração da Palavra quanto na manifestação de milagres, precisamos deixar de confiar nos dotes meramente pessoais. Conta-se que Agostinho de Hipona, quando visitou a Igreja Romana, ouviu o seguinte comentário: “veja Agostinho, já não podemos dizer que não temos prata nem ouro”. O sábio pai da igreja retrucou: “também não podemos dizer ao coxo ‘levante e ande’”. Que o Senhor nos desperte para a oração e para dependemos mais do poder do Espírito Santo.

BIBLIOGRAFIA
BRANDT, R. L; BICKET, Z. J. Teologia bíblica da oração. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
PEARLMAN, M. Atos: e a igreja se fez missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2006